Quando os EUA anunciaram aumentos maciços de tarifas em abril, as ações de empresas ligadas ao setor de turismo, como a Airbnb (NASDAQ: ABNB), despencaram.
A preocupação era de que a economia global entrasse em colapso, impactando significativamente a atividade turística. Mas, como você certamente percebeu, não foi isso que aconteceu. Para 2025, os gastos com viagens nos EUA devem crescer 1,1%, chegando a US$ 1,35 trilhão, e alcançar US$ 1,49 trilhão até 2029, segundo a empresa de pesquisa Tourism Economics.
Essa dinâmica contribuiu para uma valorização de 29% nas ações da Airbnb desde a mínima de 8 de abril. A ação teve retornos totais anualizados de 1,3% no último ano, 17,1% nos últimos três anos e queda de 2,5% nos últimos cinco anos. O resultado de um ano foi prejudicado pelos anúncios de tarifas, e o de cinco anos pela pandemia de Covid. A Airbnb tem uma capitalização de mercado de US$ 83 bilhões.
Além do impacto real relativamente leve das tarifas, a Airbnb se beneficiou da expansão internacional, da inclusão de experiências para os hóspedes e da adoção da política de reservar agora e pagar depois.
Em relação ao crescimento internacional, a receita da Airbnb na Europa, Oriente Médio e África subiu 14%, para US$ 1,97 bilhão no terceiro trimestre, em relação ao ano anterior. A receita da América Latina cresceu 18%, para US$ 235 milhões, a da Ásia-Pacífico aumentou 16%, para US$ 279 milhões, e a da América do Norte avançou apenas 3%, para US$ 1,62 bilhão. A receita total da Airbnb subiu 10%, chegando a US$ 4,1 bilhões.
Experiências e “reserve agora, pague depois”
A empresa começou a oferecer experiências em maio. Elas incluem desde passeios guiados até aventuras ao ar livre, aulas de culinária, oficinas de arte e observação de animais selvagens.
A Airbnb não divulga estatísticas específicas dessas atividades. Mas “o feedback dos hóspedes tem sido extremamente positivo, com serviços e experiências recebendo uma classificação média de 4,93 de 5 estrelas”, vangloriou-se a empresa perante os acionistas. Além disso, quase metade das reservas de experiências registradas no terceiro trimestre não estava vinculada a uma reserva de hospedagem.
Enquanto isso, a tendência do “compre agora, pague depois” tornou-se bastante popular no varejo. Imitando esse conceito, a Airbnb passou a oferecer opções de “reserve agora, pague depois” nos EUA em agosto. Isso significa que os clientes não precisam pagar nada antecipadamente.
A empresa não forneceu dados específicos para essa área. Mas a política de reservar agora e pagar depois ajudou a impulsionar o crescimento das reservas de acomodações e experiências no terceiro trimestre. Essas reservas totalizaram 133,6 milhões no trimestre, um aumento de 9% em relação ao ano anterior.
Outros números do terceiro trimestre incluíram um aumento de 0,4% no lucro líquido em relação ao ano anterior e uma margem de lucro líquido de 34%, abaixo dos 37% do ano passado.
Inteligência artificial
A Airbnb também está dedicando muitos recursos à inteligência artificial. “Estamos integrando IA de forma ampla em todo o aplicativo”, disse Brian Chesky, CEO da Airbnb, na teleconferência de resultados de novembro.
Por exemplo, o assistente de IA da Airbnb agora pode responder a perguntas dos clientes adaptadas à sua reserva e fornecer respostas mais rápidas e personalizadas do que antes, afirmou. Ele também permite que os clientes realizem ações comuns, como cancelar ou alterar datas de reserva, diretamente pelo chat.
O analista da Morningstar, Dan Wasiolek, prevê um cenário positivo à frente para a Airbnb. Sua posição “vai se fortalecer na próxima década, impulsionada por uma rede líder de acomodações alternativas com mais de 5 milhões de anfitriões e 2 bilhões de chegadas de hóspedes desde sua fundação em 2008”, escreveu.
“Essa vantagem competitiva de rede será sustentada pelo investimento em inteligência artificial e pela expansão em experiências, serviços e mercados internacionais nos próximos anos.”
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