Como as iniciativas da Apple (NASDAQ: APPL) no entretenimento podem fazer a diferença

por
Ellen Chang

A Apple (NASDAQ: AAPL) quer aumentar sua aposta atual na indústria de corridas automobilísticas, já que os espectadores correram para assistir à sua produção F1: O Filme. Esse é seu filme com maior receita, após outras produções não alcançarem a mesma popularidade.

Agora, o gigante tecnológico diversificado quer expandir suas atrações esportivas através do serviço de streaming Apple TV+ e está em negociações para comprar os direitos de transmissão das corridas da Fórmula 1 nos EUA, segundo fontes citadas pelo Financial Times.

A Apple pode surgir como uma concorrente no setor de streaming, após alguns de seus conteúdos originais ganharem atenção apenas entre um público específico. A empresa pode competir de forma mais direta com companhias como a Netflix (NASDAQ: NFLX) e a ESPN. Esta última, claro, é propriedade da Disney (NYSE: DIS) e atualmente detém os direitos de transmissão da F1 nos EUA. Esse contrato estará disponível em 2026.

A Apple quer levar seu último sucesso a outro nível ao oferecer mais conteúdo esportivo. A indústria das corridas ganhou destaque com o lançamento de F1: O Filme. O filme tem Brad Pitt no papel de um piloto aposentado que retorna para evitar o colapso de uma equipe. Lançado em 27 de junho, o filme já gerou US$300 milhões nas bilheterias.

Enquanto a Netflix dava início aos conteúdos sobre corridas com sua série documental F1: Dirigir para Viver, a Apple tinha US$ 28 bilhões em caixa em 29 de março de 2025. Esse valor facilita que a empresa faça investimentos robustos e a assinatura de novos acordos esportivos para sua divisão de streaming.

Nos últimos anos, a Apple construiu sua capacidade de streaming esportivo ao vivo, firmando um acordo com a Major League Baseball em 2022 para jogos às sextas-feiras, além de assinar um acordo mais amplo com a Major League Soccer (Liga de futebol) da América do Norte.

Transmitir corridas da F1 pode ser lucrativo, já que a ESPN atualmente arrecada cerca de US$85 milhões por ano com elas. O próximo contrato que a F1 assinar cedendo os direitos de transmissão nos EUA pode alcançar US$121 milhões, segundo analistas do Citi. Esse valor pode crescer após o sucesso do filme F1.

O interesse por assistir corridas da F1 aumentou exponencialmente nos últimos anos. O número de espectadores por corrida atingiu 1,1 milhão em 2024 — o dobro do total de 2018. A Liberty Media iniciou seu contrato de exibição das corridas de Fórmula 1 em 2018.

Os investidores perderam entusiasmo pela Apple, cujas ações caíram 10% nos últimos seis meses. Enquanto isso, a Netflix — que possui o maior serviço de streaming, com mais de 300 milhões de assinantes pagantes — viu suas ações subirem 47,2% no mesmo período. O índice preço/lucro da Apple está em 32,93, enquanto o da Netflix chega a 58,4.

Apesar do investimento de US$20 bilhões da Apple em conteúdo original para a Apple TV+, a plataforma conquistou apenas 25 milhões de assinantes, captando somente 0,3% do tempo de exibição nos EUA em junho de 2024, segundo a Nielsen. Isso fica atrás de Netflix, Hulu, Disney+, do Peacock da Comcast (NASDAQ: CMCSA, da Paramount+ da Paramount Global (NASDAQ: PARA) e serviços de streaming esportivo como a ESPN. A Apple TV+ prioriza conteúdo premium em vez de volume, o que resulta em uma reputação de possuir qualidade superior, mas limita sua base de assinantes em comparação com a abordagem baseada em quantidade da Netflix.

Mudar sua estratégia para sacrificar ligeiramente a qualidade em favor de um maior volume de conteúdo, principalmente ao incorporar mais transmissões esportivas ao vivo, poderia aumentar significativamente o número de assinantes e a participação de mercado da Apple TV+. Esse movimento está alinhado à tendência dos consumidores, que utilizam smartphones e outros dispositivos de vídeo por períodos mais longos, aumentando a dependência do streaming para entretenimento. A ampliação da variedade de conteúdo poderia posicionar a Apple TV+ como um concorrente mais forte frente à Netflix, aproveitando sua base de alta qualidade para atrair um público mais amplo.

O hardware da Apple, como a Apple TV 4K com seu chip A15 Bionic, apoia ainda mais essa estratégia. Ele integra serviços como o FaceTime com aplicativos de streaming populares, melhorando a experiência do usuário dentro do ecossistema Apple. Ao equilibrar qualidade com uma biblioteca de conteúdo mais diversa, a Apple pode obter um crescimento significativo em sua base de assinantes e competir de forma mais eficiente com líderes da indústria como a Netflix.