A Wayfair (NYSE: W), maior varejista online de móveis dos EUA, está desafiando a retração do setor impulsionada por um marketing inteligente e disciplina de custos.
A empresa, fundada em 2002, registrou um aumento de 8,1% na receita, alcançando US$ 3,1 bilhões no terceiro trimestre em relação ao ano anterior. Teve um prejuízo líquido de US$ 99 milhões. Mas o EBITDA ajustado (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) disparou para US$ 208 milhões, ante US$ 119 milhões.
A margem de lucro do EBITDA ajustado da Wayfair subiu para 6,7% no último trimestre (o maior nível em cinco anos) em comparação com 4,1% no ano passado.
O programa de fidelidade da empresa, novas lojas físicas e uma função online que destaca os principais produtos foram responsáveis por esses fortes resultados, disse Kate Gulliver, diretora financeira da Wayfair, à Barron’s.
“Tudo isso é construído sobre a base de nossa receita principal: preços muito competitivos, itens em estoque, boa disponibilidade e velocidades de entrega muito rápidas”, afirmou ela.
Os investidores perceberam. O preço das ações da Wayfair disparou 27% desde a divulgação dos resultados em 27 de outubro e acumula alta de 155% no ano. Isso supera de longe o desempenho da maioria de seus concorrentes. A Wayfair tem valor de mercado de US$ 15 bilhões.
Tarifas ainda não preocupam
A empresa ainda não está muito preocupada com as tarifas de 25% sobre móveis impostas pelos EUA no mês passado. Isso porque os próprios fornecedores importam os móveis vendidos no site da Wayfair, ou seja, são eles que pagam as tarifas. Os fornecedores também costumam enviar os móveis diretamente aos consumidores. Assim, a Wayfair opera com um modelo “leve em ativos”, com estoques mínimos, economizando os custos de armazenamento.
Se por um lado as vendas de imóveis prontos estagnaram nos últimos dois anos, limitando a demanda por móveis, o aluguel de imóveis aumentou, impulsionando-a. No segundo trimestre, o número de unidades habitacionais alugadas igualou o maior nível em 25 anos, 46,4 milhões.
A Wayfair tem prosperado ao atrair, principalmente, jovens locatários. Eles costumam buscar itens únicos de baixo e médio custo de diversos fornecedores, destaca a Barron’s.
“A interface fácil de usar da empresa e sua habilidade em marketing a posicionaram como líder na categoria, como evidenciado pelo ganho contínuo de participação de mercado”, escreveu a analista da Morningstar, Jaime Katz.
“Sua diferenciação vem da ampla variedade de produtos e da rede logística, que permite entregas mais rápidas, com menos etapas e menos danos aos produtos do que seus concorrentes.”
Inteligência artificial e perspectivas futuras
A Wayfair também está prosperando através da sua utilização da inteligência artificial. A empresa emprega IA para melhorar a experiência do cliente e otimizar operações, como automação de chamados, aprimoramento da otimização dos mecanismos de busca e gerenciamento de seu extenso catálogo de produtos.
Tudo isso dá à empresa uma vantagem, mas não garante sua liderança. “Esse esforço pode colocar a Wayfair à frente dos concorrentes no curto prazo, mas não vemos barreiras para que outros adotem estratégias semelhantes ao longo do tempo”, disse Katz. Por isso, ela projeta um crescimento de receita de longo prazo em torno de 4%, em linha com o potencial do setor.
Não há custos de troca para os consumidores, observa Katz. E, “a Wayfair compete com varejistas de massa, lojas especializadas e fornecedores de baixo custo, o que dificulta manter-se em destaque”.
Portanto, é difícil saber se o copo da Wayfair está meio cheio ou meio vazio.
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