O Vietnã se torna um indicador dos impactos tarifários enquanto Nike (NYSE: NKE) e Lululemon (NASDAQ: LULU) aguardam com apreensão

O Vietnã passou anos se posicionando como um centro estratégico de fabricação para empresas americanas que buscavam diversificar suas cadeias de suprimentos em países com menor risco geopolítico, mas agora está lutando pela sua sobrevivência após ser alvo de uma das taxas iniciais mais altas das “tarifas recíprocas” impostas pelos Estados Unidos no início do mês. As ações de grandes marcas esportivas como Nike (NYSE: NKE), Lululemon Athletica (NASDAQ: LULU) e On Holding (NYSE: ONON) estão aguardando o desenrolar dessa situação.
O país do Sudeste Asiático é responsável por 29,8% de todos os calçados importados pelos Estados Unidos, o que significa que os tênis preferidos dos consumidores americanos podem ficar mais caros, a não ser que os líderes vietnamitas consigam celebrar um acordo com a administração do presidente Donald Trump. Eles agora têm 90 dias para negociar, após o anúncio da suspensão das tarifas na quarta-feira.
“O Vietnã está pronto para negociar com o lado americano a fim de alcançar um acordo bilateral,” afirmou o governo vietnamita em um comunicado após as tarifas serem anunciadas em 2 de abril, optando pelo diálogo em vez de represálias e comprometendo-se a resolver questões comerciais não tarifárias relacionadas à política monetária e taxas de câmbio. O secretário-geral To Lam foi um dos primeiros líderes a abordar o tema com Trump e declarou que o país está disposto a reduzir as tarifas a 0%, desde que os EUA devolvam o favor.
Embora outros países, como a Argentina, também estejam buscando acordos de livre comércio com os Estados Unidos, o progresso—ou a falta dele—do Vietnã nas próximas semanas provavelmente terá um impacto mais imediato nas diversas grandes empresas americanas que têm desenvolvido a capacidade de produção do país há muitos anos. A Nike, que já enfrenta dificuldades para reverter seu desempenho, fabrica 95% de seus calçados no Vietnã, China e Indonésia, e não pode mudar essa estrutura da noite para o dia. Suas ações caíram até 18% durante a dramática última semana, mas depois subiram 11% após o anúncio da suspensão.
As ações oscilam ao vento tarifário
A Lululemon, que fabrica quase 90% de seus produtos no Vietnã, Camboja, Sri Lanka, Indonésia e Bangladesh, também teve uma semana volátil, com suas ações caindo 12% antes de uma recuperação parcial. A On Holding, fabricante da popular marca de calçados On Running, atingiu sua máxima mensal na quarta-feira, sugerindo que o mercado tem esperança de que um acordo seja fechado. As empresas podem tentar expandir a capacidade produtiva nos Estados Unidos, mas isso leva anos e envolve custos trabalhistas mais altos. Os tênis Made in America da New Balance, por exemplo, custam quase US$ 200, enquanto modelos importados saem por metade desse preço.
“Estamos dispostos a cooperar com nossos aliados e parceiros comerciais que não retaliaram”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, na quarta-feira, acrescentando que as negociações para acordos comerciais personalizados já começaram com 75 países. “A mensagem não foi difícil. Não revidem, as coisas vão dar certo.”
“Temos uma reunião com o Vietnã hoje”, continuou Bessent. “E temos um dos maiores déficits comerciais com eles, então espero que isso avance em uma direção positiva.”
A pressa do Vietnã em iniciar negociações com autoridades americanas mostra o quanto a sua sobrevivência está em jogo. Afinal, os Estados Unidos representam quase um terço de suas exportações e são um mercado que o país simplesmente não pode perder. Sua postura desejosa de agradar, combinada com um grande superávit comercial, significa que as futuras interações de Washington com o Vietnã darão pistas sobre como será a estratégia comercial dos EUA em maior escala. Se os americanos realmente quiserem fechar acordos, o Vietnã parece ser um dos pontos de partida mais promissores. Se as negociações fracassarem, isso pode sinalizar dificuldades futuras para outros países—e para todas as empresas que aguardam com apreensão.