A UPS (NYSE: UPS), uma das maiores empresas de entrega de pequenos pacotes do mundo, está começando a ter êxito em seu plano de recuperação, graças aos cortes de custos e a um fortalecimento de demanda no exterior.
Agora a questão é se a empresa, que detém 21% de participação de mercado nos EUA, conseguirá manter essa arrancada.
Os lucros do terceiro trimestre da UPS superaram as estimativas dos analistas. A receita caiu 3,7% em relação ao ano anterior, mas a maior parte dessa queda veio da menor divisão da empresa, os serviços de cadeia de suprimentos. A receita de pacotes internacionais aumentou 5,9%, o lucro líquido caiu 14,8%, mas o lucro ajustado subiu 7,4%.
Os números não são tão ruins quanto parecem. A decisão da UPS de reduzir em 50% as entregas para a Amazon (NASDAQ: AMZN) até junho do próximo ano está começando a pesar na receita. Mas a UPS tomou essa decisão porque suas entregas para a Amazon não são muito lucrativas, já que são leves e percorrem distâncias curtas.
A receita também foi afetada pela venda, em setembro, da unidade Coyote Logistics por US$ 1 bilhão. No entanto, isso faz parte da estratégia da UPS de aumentar o foco no negócio de pacotes. A empresa afirmou que a corretora de frete Coyote é muito dependente do volátil setor de transporte rodoviário.
A Política tarifária atrapalha, os cortes de custos ajudam
A política tarifária instável dos EUA também prejudicou os lucros da UPS, já que empresas sujeitas a tarifas mais altas ou incertas reduziram a compra de insumos. Alguns consumidores também estão diminuindo as compras. O comércio entre EUA e China, principalmente, encolheu.
Mas, do lado dos custos, a UPS teve uma redução de 3,2% nas despesas operacionais durante o terceiro trimestre em relação ao ano anterior. A UPS já demitiu 48.000 trabalhadores neste ano, até agora. Atualmente, possui cerca de 490.000 funcionários, segundo seu site. Também encerrou operações em 93 prédios alugados e próprios.
A empresa afirma ter economizado US$ 2,2 bilhões neste ano através da sua reestruturação.
A UPS também firmou um acordo preliminar com o Serviço Postal dos EUA para que este forneça a entrega de última milha (jargão utilizado no setor para definir a etapa final do processo de entrega, quando a encomenda sai de um centro de distribuição até as mãos do cliente final, a mais desafiadora para as empresas de logística) para o serviço de envio econômico Ground Saver da UPS. Isso restauraria um acordo que foi rompido em 2024 devido a aumentos de tarifas e economizaria dinheiro para a UPS.
Graças aos cortes de custos, a UPS registrou uma margem de lucro operacional ajustada de 10% no terceiro trimestre, acima dos 8,8% do segundo trimestre, e espera um aumento para 11%, 11,5% no quarto trimestre.
‘Perspectiva encorajadora’
A UPS prevê uma receita de US$ 24 bilhões no quarto trimestre, acima da projeção dos analistas de US$ 23,82 bilhões. “A perspectiva para o quarto trimestre foi encorajadora”, escreveu o analista da Morningstar Matthew Young.
O relatório de lucros acima do esperado deu um impulso às ações da UPS. Elas subiram 4,7% desde a divulgação do relatório em 28 de outubro. Mas caíram nos últimos 12 meses, três anos, cinco anos e dez anos. A queda é de 30% no último ano.
A UPS paga um generoso rendimento de dividendo projetado de 7%. Mas a distribuição equivale aproximadamente ao que a UPS deve lucrar em 2025 e é inferior ao lucro esperado para 2026. Isso é muito mais do que os 40% do lucro que a maioria das empresas do S&P 500 distribui. Portanto, o dividendo pode estar correndo risco de ser reduzido.
Fazendo uma análise mais positiva, as ações da UPS são negociadas a apenas 12,6 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses, em comparação com 22,9 para o S&P 500 e 15,6 para a média de cinco anos da própria UPS.
Assim, a empresa está quase entregando um pacote financeiro atraente, mas ainda tem que terminar o percurso até a porta.
O autor possui ações da UPS.
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