Tapestry: Colhendo os frutos da força da Coach

Dan Weil Analista de Notícias do Mercado

Enquanto a maioria das marcas de varejo de luxo está sofrendo, devido à relutância dos consumidores em gastar, a Tapestry (NYSE: TPR), liderada por sua divisão Coach, está prosperando.

A Coach, cuja especialidade são bolsas, malas e acessórios, responde por 80% da receita da empresa. Já a Kate Spade, que está com um desempenho abaixo da média e também foca em bolsas e acessórios, representa 17% da receita.

A Coach tem atraído a Geração Z (nascidos entre 1997-2012) e os millennials (nascidos entre 1981-1996) com campanhas de marketing que dão ênfase à conexão emocional, mensagens de marca inclusivas, parcerias autênticas com celebridades e iniciativas de impacto social.

Nos últimos 10 anos, a Tapestry revitalizou a Coach, uma empresa com 84 anos, através do fechamento de lojas, restrições de descontos e a ampliação dos recursos online. As vendas diretas ao consumidor representaram um expressivo percentual de 87% das vendas fiscais da Coach em 2025, realizadas por meio de lojas próprias da Tapestry e do site oficial. “Assim, a empresa tem forte controle sobre preços, estoque e marketing”, observa o analista da Morningstar, David Swartz.

A Tapestry acaba de implementar sua estratégia de crescimento “Amplify” (amplificar), que inclui quatro objetivos: crescimento de clientes, com foco na Geração Z; inovações na área de moda e expansão para a área calçados; crescimento contínuo na América do Norte; aceleração das vendas em mercados internacionais, como China e Europa; e a continuidade de uma cultura empresarial “obcecada pelo consumidor”.

Preço das ações rumo à lua

A Tapestry, obviamente, está fazendo alguma certa. Suas ações dispararam 87% nos últimos 12 meses, 184% nos últimos três anos e 373% nos últimos cinco anos. A Tapestry superou o S&P 500 que, com altas de 11%, 64% e 102% nos respectivos períodos, apresentou números historicamente robustos. A empresa tem uma capitalização de mercado de US$ 22 bilhões.

O fato do ponto forte da Tapestry ser o luxo acessível também ajuda, em comparação com os preços estratosféricos da LVMH (CBOE: MC), Hermes (CBOE: RMS) e Chanel.

Não surpreendentemente, a Tapestry registrou lucros expressivos nos últimos anos. No primeiro trimestre do exercício fiscal de 2026, encerrado em 27 de setembro, a receita saltou 13% em relação ao ano anterior, para US$ 1,7 bilhão. A Coach liderou com crescimento de 22% nas vendas. As vendas da Kate Spade caíram 8%.

Esta última sofreu com uma identidade de marca equivocada, excesso de dependência das vendas em outlets (o que acabou prejudicando a sua aura de luxo) e incapacidade de se conectar com consumidores mais jovens, como a Coach conseguiu.

A Tapestry está reduzindo os estilos de bolsas da unidade e limitando os descontos para elevar os preços. “Com esses esforços, projetamos uma melhoria da margem operacional para 12,5% no exercício fiscal de 2027, partindo de dígitos baixos atualmente”, escreveu David Swartz, da Morningstar.

Margens de lucro robustas

Falando novamente sobre a empresa na totalidade, ela registrou uma margem bruta de 76,3% no último trimestre, alta de 100 pontos-base em relação ao ano anterior. A margem operacional totalizou 19,3%, aumento de 2,6 pontos percentuais. Isso ocorreu apesar do impacto negativo das tarifas, que reduziram 70 pontos-base da margem bruta ajustada.

Em agosto, a Tapestry vendeu a marca de calçados Stuart Weitzman, que representava 3% das vendas fiscais de 2025, para a Caleres (NYSE: CAL) por US$ 105 milhões. Analistas elogiaram a decisão, considerando a marca pouco adequada para um portfólio que já possui Coach e Kate Spade.

A Tapestry elevou seus gastos com marketing para 11% das vendas no último trimestre, contra apenas 4% há sete anos. Isso se compara às taxas atuais de 5%-10% de outras marcas de luxo. “Dado o crescimento impressionante das vendas da Coach, acreditamos que esse investimento tem um alto retorno sobre o capital investido e fortalece o valor da marca”, disse Swartz.

No relatório de resultados do primeiro trimestre fiscal de 2026, a Tapestry aumentou as suas estimativas para o crescimento da receita anual de 2026 (4% a 5%) e para o crescimento do lucro por ação (7% a 10%). Também prevê expansão da margem operacional em 50 pontos-base, reduzida em 230 pontos pelas tarifas.

Swartz acredita que a Tapestry pode compensar o impacto das tarifas por meio de ganhos de eficiência na cadeia de suprimentos e de aumentos de preço, aproveitando o poder de precificação já demonstrado pela Coach.

Portanto, parece que a Coach vai continuar a apresentar bons resultados. Mas lembre-se do aviso tradicional da Quantfury: negocie com cautela. Nada é garantido nos mercados financeiros.

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