A Target não está acertando o alvo; será que isso vai mudar?

Dan Weil Analista de Notícias do Mercado

O desempenho da Target (NYSE: TGT) tem sido fraco nos últimos quatro anos.

A gigante do varejo, conhecida anteriormente por suas lojas organizadas, preços moderados e estilo de grife, agora é associada a lojas desarrumadas, prateleiras vazias e ofertas pouco inspiradoras. A receita da Target estagnou por doze trimestres consecutivos, sem apresentar crescimento ou queda relevante.

E não são apenas os clientes que estão insatisfeitos. A pesquisa interna anual da empresa, realizada neste verão, mostrou que 40% dos funcionários não estavam confiantes quanto ao futuro da companhia. Os investidores também estão desapontados. As ações da empresa caíram 64% nos últimos quatro anos.

Até a política trouxe problemas. Em maio de 2023, a empresa lançou sua coleção anual para o Mês do Orgulho LGBTQ. Conservadores não gostaram. Em resposta aos protestos, a Target retirou alguns produtos e moveu os expositores para áreas menos visíveis das lojas.

Os apoiadores LGBTQ também não reagiram bem. Como era de se esperar, tanto a esquerda quanto a direita convocaram boicotes, e as vendas caíram. Mais recentemente, a Target decidiu eliminar seu programa de diversidade, equidade e inclusão (DEI). A medida agradou aos conservadores, mas irritou os liberais.

Erros de gestão fundamentais

Deixando a política de lado, a Target cometeu equívocos comerciais básicos. Seus preços estão altos em comparação com concorrentes da área de descontos em um período de inflação. A seleção de produtos é fraca e a experiência nas lojas nem sempre é agradável, com filas longas nos caixas e mercadorias espalhadas.

O CEO Brian Cornell prometeu, nos últimos dois anos, que a empresa se recuperaria concentrando seu foco em produtos exclusivos, bom valor e melhor reposição de prateleiras. Mas isso ainda não funcionou.

A receita caiu 1,5% no terceiro trimestre fiscal encerrado em 1º de novembro, para US$ 25,3 bilhões. O lucro recuou para US$ 689 milhões, ante US$ 854 milhões no ano anterior. A margem operacional foi de apenas 3,8%, contra 4,6% um ano antes.

“O trimestre reforçou nossa visão de que o caminho da Target para a recuperação continua dependente de altos investimentos e execução precisa”, escreveu o analista Brett Husslein, da Morningstar. Este mês a empresa anunciou que investirá mais US$ 1 bilhão no próximo ano para melhorar suas lojas, seleção de produtos e operações digitais, elevando o investimento total para US$ 5 bilhões em 2026.

A Target nomeou um novo CEO, Michael Fiddelke, veterano de 22 anos na companhia e atual diretor de operações. Alguns observadores dizem que a empresa teria se saído melhor escolhendo um executivo externo, livre dos fracassos recentes. Outros acreditam que sua experiência pode ser benéfica. As ações da Target caíram 15% desde o anúncio de sua nomeação em 20 de agosto.

Questões estruturais enraizadas

A Target enfrenta problemas estruturais para os quais não há uma solução fácil. Por um lado, é pressionada pelo Walmart (NYSE: WMT), Costco (NASDAQ: COST) e outros varejistas de desconto, “que oferecem melhor valor e uma estrutura de custo mais defensável”, disse Husslein. Por outro lado, enfrenta a Amazon (NASDAQ: AMZN), plataformas de e-commerce de nicho e varejistas especializados com profundidade de produtos, velocidade e curadoria de marcas.

“Isso deixa a Target em um meio-termo que exige uma execução impecável para manter relevância”, afirmou Husslein. “Essa posição precária no meio deixa a Target sem defesas estruturais.” Assim, a empresa fica vulnerável a erros de execução, como reduções de estoque, lentidão digital ou mudanças na demanda por itens não essenciais.

Ainda assim, Husslein não acredita que a situação continuará tão ruim para a Target. “O foco em aumentar a variedade e aprimorar a experiência de compra pode sustentar um retorno ao crescimento de vendas de um dígito baixo no longo prazo”, disse.

Mas as fragilidades estruturais continuam. “A Target opera em um ambiente altamente competitivo, onde escala, preço e velocidade dominam, e onde a fidelidade do consumidor está cada vez mais fragmentada”, explicou Husslein. “Nesse contexto, a execução por si só é insuficiente para gerar retornos superiores.”

Portanto, cautela deve ser a palavra de ordem em relação a esta ação.

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