A computação quântica pode ser a chave que desbloqueia a inteligência artificial geral

Dan Weil Analista de Notícias do Mercado

Por mais de 40 anos, tecnólogos têm exaltado a computação quântica (super-rápida), dizendo que ela chegaria em breve e mudaria fundamentalmente o mundo.

Isso obviamente ainda não aconteceu. Mas muitos especialistas dizem que ela chegará nos próximos cinco anos. E, se isso ocorrer, a computação quântica pode tornar a inteligência artificial extremamente mais potente. Isso daria às empresas de tecnologia que lideram tanto em capacidades quânticas quanto de IA uma enorme vantagem sobre os concorrentes.

As aplicações atuais da IA (generativas e baseadas em linguagem) têm seus limites. Você talvez já tenha visto elas cometerem erros enquanto usava essa tecnologia. A inteligência artificial geral (AGI), que teria habilidades cognitivas semelhantes às humanas, é o santo graal.

Ela poderia entender, aprender e aplicar conhecimento de forma ampla, sem precisar de treinamento específico para cada nova tarefa. É isso que os pesquisadores esperam criar, e pode ser que a computação quântica seja necessária para isso.

A computação quântica usa os princípios da mecânica quântica para resolver problemas complexos demais para os computadores tradicionais. O significado científico de “quântico” é a menor unidade discreta de uma entidade física envolvida em uma interação.

A computação gira em torno de “bits”, que são a menor unidade de informação digital em um computador. Computadores tradicionais usam bits binários, que só podem ser expressos como um ou zero.

Por outro lado, computadores quânticos usam bits quânticos, ou qubits, que podem representar zero, um ou uma combinação de ambos simultaneamente. Isso permite que o computador processe informações de forma muito mais poderosa.

Velocidade, capacidade, utilização

Se tudo isso te confunde, pense nos computadores quânticos como super-rápidos e com enorme capacidade. Esse é o ponto principal.

Assumindo que eles realmente se concretizem, os computadores quânticos devem ser capazes de ajudar em avanços na descoberta de medicamentos, design de materiais, análise de portfólios financeiros, cibersegurança, logística e comunicações. A IA, claro, já atua nessas áreas. Combinar computação quântica e IA pode aumentar muito sua capacidade.

A computação quântica pode acelerar significativamente o treinamento de grandes modelos de linguagem e outros sistemas de IA. Pesquisadores estão desenvolvendo sistemas híbridos de computação quântica-clássica para criar aplicações de IA mais sofisticadas em áreas como visão computacional e processamento de linguagem natural. A computação quântica também pode ajudar a IA a lidar com conjuntos de dados massivos, melhorando a análise de dados.

As três empresas que lideram a corrida pelo hardware de computação quântica (chips semicondutores) são International Business Machines (NYSE: IBM), Alphabet (NASDAQ: GOOGL) e Microsoft (NASDAQ: MSFT). Segundo o The Wall Street Journal, a IBM está na liderança.

O desempenho fraco das ações da IBM

Isso pode ser uma surpresa para você, dado o fraco desempenho da Big Blue (A Grande Azul, como é apelidada pelo mercado) nos últimos 30 anos. As ações da IBM subiram apenas 82% nos últimos 10 anos, comparado a 667% da Alphabet e 1.076% da Microsoft.

A IBM fez parceria com a fabricante de chips Advanced Micro Devices (NASDAQ: AMD) para criar um computador quântico em larga escala nos próximos cinco anos. Uma vantagem da Big Blue é ter sua própria fábrica de microchips, algo que a maioria das empresas dos EUA não possui, o Journal ressaltou. Ela pode desenvolver seus chips internamente junto com o hardware que os suporta, como estruturas de resfriamento.

A empresa está trabalhando para criar qubits que resistam a ruídos (a interferência do ambiente que “perturba” o qubit e faz com que ele perca seu estado quântico). Os qubits atualmente são tão sensíveis que podem ser desativados por coisas como terremotos do outro lado do planeta.

A IBM espera lançar em breve um novo conjunto de chips quânticos, segundo o Journal. Eles seriam fundidos em agrupamentos maiores do que a geração atual. A IBM planeja apresentar seu primeiro grande computador quântico capaz de lidar com ruídos em 2029, informou o Journal.

O analista da Gartner, Mark Horvath, disse ao jornal que a IBM e seus principais concorrentes provavelmente começarão a registrar receitas substanciais com computação quântica até 2030. A Alphabet também prevê avanços extraordinários para os computadores quânticos nos próximos cinco anos. A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA) acaba de escolhê-la como parte de sua avaliação dos fabricantes de computadores quânticos.

Entre os obstáculos enfrentados pela IBM e pela Alphabet estão como resfriar adequadamente seus chips quânticos e como realizar correções quando um ruído inevitavelmente apaga os dados de seus qubits, segundo o Journal. O chip da Microsoft possui qubits topológicos, que usam entrelaçamento de partículas para garantir estabilidade. Eles podem ser mais fáceis de gerenciar, mas isso ainda não é certeza.

Portanto, parece que IBM, Alphabet e Microsoft estão bem encaminhadas rumo à computação quântica. Isso pode levar a um casamento feliz com a inteligência artificial.

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