P&G anuncia a primeira grande demissão em 13 anos

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A Procter & Gamble (NYSE: PG), fabricante do detergente Tide e das lâminas de barbear Gillette, anunciou que cortará 7.000 trabalhadores, o que representa 15% de sua força de trabalho não industrial.

O corte ocorre em meio à queda na demanda dos consumidores pelos produtos premium da P&G e preocupações com a inflação, à medida que as tarifas aumentam. Além das demissões, a empresa também planeja eliminar parte de seu extenso portfólio de produtos.

As vendas da empresa caíram 2% no terceiro trimestre fiscal de 2025, encerrado em 31 de março, em comparação com o ano anterior. Além disso, a P&G reduziu sua estimativa de crescimento orgânico das vendas para 2% no ano fiscal que termina em 30 de junho, abaixo da previsão anterior de 3% a 5%.

Essa redução na folha de pagamento representa o primeiro grande corte desde 2012, quando a P&G demitiu 5.700 trabalhadores para otimizar uma estrutura excessiva de produtos e pessoal. E veio mais depois disso. Entre 2012 e 2016, a empresa eliminou 34.000 empregos, ou 26% de sua força de trabalho, através de aquisições, demissões, rotatividade e vendas de marcas.

Comparação histórica

É interessante comparar o cenário econômico e do mercado de ações naquela época com o atual. De 2012 a 2016, a economia teve um crescimento médio anual de 2,3%. São os mesmos números dos últimos três anos, 2022-2024 (os números de 2020-21 foram distorcidos pela epidemia do Covid).

Observando o mercado de ações, o índice S&P 500 subiu 74% entre 2012 e 2016, enquanto nos últimos cinco anos o crescimento foi de 55%.

No entanto, é difícil chegar a uma conclusão sobre o impacto desses números de indicadores econômicos e de capital em relação ao futuro. Principalmente porque o ambiente econômico atual é completamente diferente do período de 2012-2016.

Naquela época, a economia e o mercado de ações estavam se recuperando da crise financeira de 2008. Agora, a grande questão é o impacto das tarifas comerciais na economia e nos mercados financeiros. Portanto, fiquem à vontade para fazer qualquer previsão sobre acontecerá de agora em diante.

O preço das ações continuou a cair

Quanto a P&G, as demissões entre 2012 e 2016 não foram suficientes para impulsionar as suas ações. Em 2016, os papéis da empresa subiram 5,9%, bem abaixo do ganho de 9,5% do S&P 500. Isso levou o investidor ativista Nelson Peltz e sua empresa Trian Fund Management a adquirirem participação na P&G em 2017.

Ele convenceu a empresa a reduzir sua burocracia, mas as ações não reagiram significativamente. Desde 2017, os papéis da P&G valorizaram 94,5%, enquanto o S&P 500 subiu 169%.

Nos últimos 12 meses, as ações da P&G caíram 2,6%, ficando bem atrás do S&P 500, que subiu 12,5%, e do índice S&P 500 Consumer Staples, que teve um aumento de 9,3%.

Apesar disso, a analista da Morningstar, Erin Lash, ainda acredita na empresa. Ela reconheceu que as vendas têm sido fracas nos últimos trimestres em um comentário.

“No entanto, não acreditamos que isso sugira fragilidades na competitividade da empresa. Após ajustar sua presença em categorias e mercados ao se desfazer de cerca de 100 marcas nos últimos 10 anos, a P&G também adotou uma abordagem mais holística para investir em suas marcas… Seus produtos devem continuar tendo influência sobre varejistas e consumidores.”