A aposta da Ouster (NASDAQ: OUST) de que seu principal produto, os sensores Lidar, será um agente de mudança nas indústrias de seus clientes é a fábula de uma ousada ambição.
A empresa está apostando que o radar que usa lasers e mede distâncias se tornará os “olhos” de tudo, desde equipamentos autônomos de mineração até análises de varejo com foco em privacidade, via inteligência artificial.
A empresa informou que a receita aumentou 30%, para US$ 35 milhões no segundo trimestre em relação ao ano anterior. Mas registrou um prejuízo líquido de US$ 21 milhões, uma redução em relação aos US$ 24 milhões de um ano atrás.
Os acionistas parecem satisfeitos com os resultados da empresa, que tem valor de mercado de US$ 1,5 bilhão. No último mês, as ações dispararam 165% e subiram 198% nos últimos seis meses.
A Ouster se diferenciou dos concorrentes ao focar em mercados finais. Está trabalhando com os setores de varejo, industrial, indústrias de infraestrutura e transporte, sem se concentrar apenas na indústria automotiva. Seus clientes vão desde entidades governamentais até varejistas.
No segundo trimestre, “o maior segmento para nós foi o industrial”, disse o CEO Angus Pacala, segundo o Investor’s Business Daily. “Esse realmente é o nosso segmento principal.”
Questões principais para a Ouster
No entanto, à medida que a história da Ouster se desenrola, algumas perguntas permanecem:
- Quando a empresa começará a gerar lucro?
- Suas ferramentas impulsionadas por IA conseguirão manter a vantagem em um setor altamente competitivo?
- Seus concorrentes começarão a oferecer alguns dos mesmos produtos com desconto?
A tecnologia produzida pela Ouster é usada em veículos, aviões, helicópteros, robótica e outros tipos de máquinas para mapeamento, sendo mais avançada do que câmeras ópticas.
A força da Ouster está em sua versatilidade, evitando a armadilha de focar apenas no setor automotivo, que prende rivais como a Luminar Technologies (NASDAQ: LAZR).
A empresa assinou dois contratos multimilionários em maio, incluindo um com a Komatsu, a fabricante japonesa de equipamentos de construção. A Ouster fornecerá seus sensores lidar digitais 3D para que a Komatsu desenvolva sua linha de equipamentos de mineração autônomos.
A empresa também tem um acordo com a LASE PeCo, fabricante alemã de análises de tráfego e clientes, para usar a tecnologia lidar digital 3D em toda a Europa. A LASE PeCo implantará a tecnologia da Ouster para contagem de pessoas, análises de mobilidade e proteção perimetral e contra invasões de espaços públicos e ambientes de varejo.
Em junho, a empresa anunciou que seu lidar digital OS1 foi avaliado e aprovado pelo Departamento de Defesa dos EUA para uso em sistemas aéreos não tripulados. Sua tecnologia já está sendo usada pelo governo federal em agências como a NASA, o Exército, a Marinha, laboratórios nacionais e diversos departamentos de transporte.
A Ouster também assinou um contrato com um grande varejista não identificado para fornecer dados sobre hábitos de compra, segundo a Barron’s. Os varejistas podem usar o lidar sem visualizar imagens dos consumidores, garantindo privacidade.
Clientes ‘Dependentes’
A capacidade da Ouster de processar dados rapidamente resultou em clientes que estão “cada vez mais dependentes de suas ferramentas de desenvolvimento e ecossistema de software”, escreveu o analista Colin Rusch, da Oppenheimer, em uma nota de pesquisa.
A Ouster tem um grande desafio pela frente, já que seus concorrentes são muito maiores. A chinesa Hesai (NASDAQ: HSAI) tem um valor de mercado de US$ 2,97 bilhões.
A Ouster também precisa ficar atenta aos concorrentes menores, como a Luminar e a Aeva Technologies, que lançou seu sensor LiDAR 4D projetado para transformar infraestrutura inteligente e segurança.
Outro obstáculo para a Ouster são as tarifas, já que a empresa utiliza a Benchmark Electronics (NYSE: BHE) e a Fabrinet (NYSE: FN) para fabricar seu hardware em suas fábricas na Tailândia.
Embora a Ouster precise gerar lucro em breve, antes que seus rivais façam produtos melhores ou mais baratos, sua adoção precoce da diversificação em vários mercados pode ser a chave para seu sucesso.
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