Oracle (NYSE: ORCL) aposta na inteligência artificial

por
Ellen Chang

Conhecida por seus bancos de dados, a Oracle (NYSE: ORCL) está tentando se transformar em uma grande potência da indústria de inteligência artificial ao negociar acordos para aquisição dos chips mais procurados do mercado.

Agora, a Oracle se encontra em uma corrida com outras grandes startups de IA financiadas por firmas de capital de risco e gigantes do setor de software, que estão em vantagem por terem investido na indústria mais cedo e por possuírem reservas financeiras maiores. Mas a empresa se transformou em uma renomada fornecedora de serviços de computação em nuvem para desenvolvedores de IA como a OpenAI.

Comprar os chips tão necessários da Nvidia (NASDAQ: NVDA) não é fácil nem barato. Mas Larry Ellison, cofundador e diretor de tecnologia da Oracle, previu essa necessidade e revelou, em setembro passado, durante uma reunião com analistas, que ele e Elon Musk, o homem mais rico do mundo, convenceram o CEO da Nvidia, Jensen Huang, a vender os chips da empresa durante um jantar em Palo Alto, Califórnia.

Mesmo sendo um bilionário, com uma fortuna de US$ 262 bilhões em 18 de julho, segundo o índice Bloomberg Billionaires, Ellison disse que chegou a “implorar” a Huang por mais GPUs, que são capazes de realizar cálculos matemáticos em altíssima velocidade para aprendizado de máquina, jogos e criação de conteúdo.

O resultado do jantar foi um acordo benéfico para a Oracle. “Foi ok. Quer dizer, funcionou,” disse Ellison em reportagens.

Os chips da Nvidia não são apenas populares entre empresas de IA e tecnologia. A empresa de Santa Clara, Califórnia, controla 80% do mercado de chips para IA e fabrica os chips que as empresas de inteligência artificial querem usar para chegar ao topo e superar seus concorrentes.

Ellison não acumulou sua fortuna evitando riscos e não tem medo da concorrência. Ele disse à Fortune que o papel da Oracle na indústria de IA é semelhante ao de competir em uma corrida de Fórmula 1. Ele levou Musk, CEO da Tesla, ao encontro com Huang porque a empresa automobilística também depende das GPUs da Nvidia para a tecnologia de direção assistida usada nos veículos da Tesla.

Ellison também foi acionista da Tesla por muitos anos, tendo possuído 1,5% da empresa, segundo o comunicado de acionistas de 2022 da montadora. Mas o bilionário, que ocupa o segundo lugar no índice Bloomberg Billionaires, atrás de Elon Musk, deixou o conselho da Tesla em 2022. A quantidade de ações da Tesla de Ellison não foi mais divulgada nos comunicados de acionistas desde então. Ellison foi um dos maiores apoiadores financeiros da proposta de Musk para comprar a plataforma de mídia social X, anteriormente chamada de Twitter.

Agora, Ellison está apostando novamente na Oracle, empresa que fundou há 48 anos e de onde vem a maior parte de sua fortuna, já que ainda detém mais de 40% da companhia. A empresa gastou impressionantes US$ 21,2 bilhões em despesas de capital em seu último ano fiscal, o que levou a Oracle a registrar fluxo de caixa livre negativo pela primeira vez desde 1990, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence.

O orçamento anual de despesas de capital da Microsoft é quase quatro vezes maior que o que a Oracle gastou recentemente, mas a receita anual da Microsoft também é mais de quatro vezes maior que a da Oracle. Mas a Oracle não precisa depender do crescimento da sua divisão de IA para gerar receita. A área de nuvem pública da empresa de softwares, OCI, está em alta demanda por empresas em busca de serviços em nuvem.

A Oracle também negociou parcerias com gigantes da tecnologia como Amazon, Google e Microsoft — seus bancos de dados operam as nuvens dessas três empresas de softwares. O chatbot Bing AI da Microsoft também opera nos servidores da Oracle.

Alguns analistas passaram a recomendar a compra de ações da Oracle, incluindo Brent Bracelin, da Piper Sandler, que mencionou que 27% dos diretores de tecnologia planejam aumentar seus orçamentos para OCI, em comparação com apenas 18% seis meses atrás, de acordo com uma pesquisa recente.

Wall Street vê com bons olhos a entrada da Oracle no campo da IA, o que permite às empresas analisar dados e gerar recomendações. Dois terços dos analistas recomendam a compra das ações da Oracle. Três anos atrás, menos de um terço dos analistas dava essa mesma classificação.

As ações subiram 42% nos últimos seis meses e 77,8% no último ano. No último ano fiscal, encerrado em maio, a Oracle relatou que suas obrigações de desempenho restantes subiram 41%, atingindo US$ 138 bilhões, enquanto a receita do consumo de infraestrutura em nuvem aumentou 62%.

A Oracle também assinou um contrato em junho que irá gerar US$ 30 bilhões por ano com um cliente não revelado, conforme documentos regulatórios. O contrato começa no ano fiscal de 2028 e a receita seria maior do que todo o negócio de infraestrutura em nuvem atual da empresa.

A Oracle também está fazendo investimentos ao gastar US$ 3 bilhões em infraestrutura de IA e nuvem (US$ 2 bilhões na Alemanha e US$ 1 bilhão nos Países Baixos).

Uma potência na indústria de software, Ellison está acostumado a correr riscos, e sua aposta mais recente pode se revelar extremamente recompensadora para os acionistas da Oracle.