Os resultados recentes da Kenvue (NYSE: KVUE) não são bons, mas a recuperação pode estar a caminho

A Johnson & Johnson (NYSE: JNJ) se estabeleceu como uma das maiores empresas do mundo durante seus primeiros mais de 100 anos, começando em 1886.
Mas ela vem enfrentando problemas há bastante tempo. Nos últimos 30 anos, as ações da J&J subiram 809%, bem abaixo da valorização de 1.016% do S&P 500. A empresa sofreu com falhas de novos medicamentos, problemas na produção de remédios e dispositivos médicos problemáticos.
Em 2023, a J&J separou a Kenvue (NYSE: KVUE), criando, em receita, a maior empresa global focada exclusivamente em saúde do consumidor. As marcas históricas da Kenvue incluem Band-Aid, Listerine e Tylenol. Então, o que se obtém quando uma empresa com desempenho fraco se livra do que é, provavelmente, o seu ativo menos desejado?
A resposta para essa pergunta, no caso da Kenvue, é diversa. Desde sua estreia em 4 de maio de 2023, as ações da Kenvue caíram 5,3%, ficando muito atrás do retorno de 54,6% do S&P 500. Mas nos últimos 12 meses, a Kenvue subiu 18,4%, superando o aumento de 12,4% do S&P 500.
A Kenvue acaba de demitir seu CEO Thibaut Mongon em 14 de julho. Isso, geralmente, é um sinal de problemas na empresa. A receita da Kenvue caiu 4% no segundo trimestre. O grande problema para a empresa é o seu segmento de saúde e beleza da pele (SHB).
Razões para a fraqueza em SHB
Os varejistas vêm reduzindo os estoques desses itens, enquanto aguardam o impacto das tarifas. Além disso, a inflação provocou uma mudança na escolha dos consumidores para a concorrência, com marcas próprias mais baratas. Por fim, a Kenvue tem enfrentado dificuldades em criar novos produtos.
O segmento SHB não gerou nenhum crescimento de volume desde que a Kenvue se separou da J&J, diz o analista da Morningstar, Keonhee Kim. “Achamos que a estratégia que mais agrega valor é se desfazer das marcas problemáticas, ou do segmento como um todo, e focar nas categorias principais de autocuidado e saúde essencial.”
A troca de CEO pode ser positiva nesse aspecto, observou ele. “Um novo líder que possa dar um foco maior nas fortalezas da Kenvue e otimizar o portfólio pode destravar margens melhores e crescimento mais elevado.” A empresa nomeou Kirk Perry, um diretor da Kenvue e veterano estrategista de marcas de consumo, como CEO interino enquanto busca um substituto permanente. As ações subiram 2,2% desde que a mudança executiva foi anunciada.
Talvez a venda da empresa
Investidores, incluindo a Toms Capital, têm incentivado a Kenvue a considerar uma mudança estratégica — possivelmente a venda da empresa ou pelo menos parte dela, disseram fontes à Reuters. O conselho anunciou na semana passada que já iniciou uma revisão estratégica.
Também está analisando a venda de algumas de suas marcas de saúde da pele e beleza, segundo a Reuters. O analista da RBC Capital Markets, Nik Modi, afirma que a Kenvue pode vender algumas marcas maiores e simplificar seu portfólio de beleza, de acordo com a CNBC.
Para ser justo, nem todas as notícias são ruins para a Kenvue. Ela teve uma margem de lucro bruto de 58% no primeiro trimestre e planeja US$ 350 milhões em economias anualizadas até 2026. Além disso, seus produtos icônicos dão à empresa poder de marca.
Tornando-se independente por ser uma criança rejeitada pela família J&J, a Kenvue começou com uma desvantagem. Ainda assim, pode ter a capacidade de superar suas dificuldades.