Amazon (NASDAQ: AMZN), Walmart (NYSE: WMT) podem receber uma ajuda de Trump na Índia

Durante 40 anos, tem-se falado que a Índia representa um verdadeiro “Santo Graal” para as empresas americanas, oferecendo oportunidades de vendas e investimentos.
Desde que a tensão entre os EUA e a China aumentou, após Donald Trump assumir a presidência em 2016, as empresas americanas começaram a ver a Índia como uma alternativa à China. A Apple (NASDAQ: AAPL), por exemplo, transferiu parte de suas operações de fabricação da China para a Índia.
Os dois maiores varejistas dos EUA—Amazon (NASDAQ: AMZN) e Walmart (NYSE: WMT) —também estão tentando se inserir nesse mercado. Mais especificamente, eles querem acesso total ao mercado de varejo indiano, estimado entre US$ 60 bilhões e US$ 125 bilhões. A Índia é o país mais populoso do mundo, com 1,46 bilhão de habitantes.
Aparentemente, Amazon e Walmart têm o apoio do presidente Trump. Segundo o Financial Times, a Casa Branca pretende pressionar a Índia para que permita que varejistas de internet americanos tenham acesso irrestrito ao seu mercado digital, conforme relatos de executivos da indústria, lobistas e funcionários do governo.
Algumas liberdades, algumas restrições
No que diz respeito às operações atuais das empresas na Índia, Karthik Anbalagan, CEO da consultoria de marketing digital Ordersus, oferece uma análise interessante da Amazon no LinkedIn. A empresa lançou seu mercado de vendas online na Índia há 12 anos, com o objetivo de se tornar a número 1 no setor, segundo ele.
“Uma década depois, não apenas conseguiu essa posição, mas também transformou o cenário do comércio eletrônico na Índia. Hoje, a Amazon Índia é um nome conhecido, famoso por sua ampla gama de produtos, entrega rápida e abordagem voltada para o consumidor.”
Ainda assim, a Amazon enfrenta restrições nas vendas e estoque impostas pelo governo indiano, que busca proteger sua própria indústria do domínio estrangeiro.
Os varejistas online dos EUA podem operar na Índia apenas como plataforma de marketplace, para que terceiros vendam seus produtos. Já as empresas indianas, obviamente, podem fabricar e vender produtos diretamente por meio de suas plataformas. Além disso, os varejistas americanos passam por frequentes inspeções de produtos realizadas pelo governo indiano, segundo o FT.
O avanço é difícil
“Desde 2006, os EUA têm tentado abrir o mercado interno da Índia, mas têm sido impedidos com sucesso”, disse Arvind Singhal, presidente da consultoria de varejo Technopak Advisors, ao jornal.
Relatórios da mídia indicam que a Amazon está considerando desmembrar sua unidade indiana e listá-la em uma bolsa indiana, para não precisar lidar com os obstáculos regulatórios.
O Walmart, por sua vez, está envolvido no mercado indiano desde 2007 e possui uma participação de 85% na Flipkart, uma varejista online indiana. Mesmo assim, também enfrenta as restrições governamentais, tanto quanto a Amazon.
Historicamente, a Índia tem permitido que empresas estrangeiras atuem no país, mas sempre com restrições. Talvez o governo Trump consiga mudar isso para Amazon e Walmart. No entanto, o governo indiano pode não ceder, pelo menos não inteiramente.