Muitas empresas que você talvez nem imaginasse estão colhendo frutos do boom da inteligência artificial. A Cummins (NYSE: CMI), uma das maiores fabricantes de motores para caminhões do mundo, é uma delas.
No momento, a demanda por motores de caminhão está em baixa, devido à estagnação do setor manufatureiro. Mas a Cummins também possui uma divisão de sistemas de energia, que tem se mostrado bastante útil para a proliferação dos centros de dados que atendem ao mercado de IA.
O foco principal da Cummins é o fornecimento de geradores para backup de centros de dados. Mas ela também oferece armazenamento de baterias, células de combustível e controles de microrredes. Essas vendas estão amortecendo o impacto da retração do mercado de caminhões sobre a empresa.
Sua receita total caiu 2% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, para US$ 8,3 bilhões. Mas as vendas de sistemas de energia saltaram 18%, atingindo um recorde de US$ 2 bilhões. E a receita de distribuição, que inclui alguns produtos de energia, subiu 7%, também alcançando um recorde de US$ 3,2 bilhões.
Análise das vendas
A queda geral nas vendas foi “impulsionada, principalmente, pela menor demanda por caminhões pesados e médios na América do Norte, com volumes de unidades caindo 40% em relação ao ano passado”, disse a CEO da Cummins, Jennifer Rumsey, na teleconferência de resultados de 6 de novembro. Ela ainda expressou uma incerteza sobre quando esse mercado irá se recuperar.
Embora a produção de motores de caminhão possa atingir o nível mais baixo neste trimestre, “o ritmo de recuperação nesses mercados dependerá do sentimento econômico em geral e da clareza das políticas comerciais e regulatórias”, afirmou.
Rumsey demonstrou muito mais entusiasmo em atender ao mercado de centros de dados, prevendo um aumento de receita para a Cummins de 30% a 35% nesse segmento em 2025 como um todo. O crescimento é global, mas é mais forte nos EUA e na China. O analista do UBS, Steven Fisher, prevê que a receita de centros de dados possa saltar US$ 1,5 bilhão nos próximos três anos para a Cummins.
A expansão da empresa no setor de centros de dados está impulsionando suas ações. Elas tiveram um retorno de 47% no último ano. A Cummins também registrou ganhos expressivos em anos anteriores, graças ao forte desempenho da divisão de motores, com retornos totais anualizados de 31% em três anos, 19% em cinco anos e 21% em dez anos. Esse desempenho supera em muito o índice S&P 500 em todos os períodos. A Cummins tem uma capitalização de mercado de US$ 72 bilhões.
Atividade internacional
Quanto aos resultados mais recentes, o lucro da Cummins caiu 35% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior. Sua margem bruta recuou, de 25,7% para 25,6%. A empresa se saiu melhor no exterior do que nos EUA, com a receita internacional aumentando 2%.
Isso incluiu um aumento de 16% na China. Além dos centros de dados, a demanda por caminhões foi forte na China. As vendas na Índia cresceram 3%, com forte expansão em todos os segmentos da Cummins, incluindo centros de dados. A empresa obtém 40% de sua receita fora dos EUA e Canadá.
A Cummins anunciou no ano passado a meta de dobrar sua receita na África até o fim da década, ajudando a levar energia para milhões de pessoas que ainda não têm acesso à eletricidade. O Oriente Médio e a África representaram 2% da receita da empresa em 2024.
O que não pode ser esquecido nesse contexto é o coração da Cummins nos últimos 80 anos, a fabricação de motores para caminhões. Muitos especialistas antecipam que as vendas de motores da Cummins irão se recuperar junto com o mercado de caminhões pesados em geral. Combinado com a crescente receita dos centros de dados, isso pode fazer o motor da empresa roncar novamente.
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