A Carnival (NYSE: CCL), maior empresa de cruzeiros do mundo, tem navegado muito bem ultimamente. Isso não era esperado quando os EUA anunciaram suas tarifas em abril.
Muitos especialistas acreditavam que as tarifas levariam a uma desaceleração econômica, senão a uma recessão. E a ideia era que isso desestimularia as viagens. Mas o PIB dos EUA cresceu 3,8% em termos anualizados no segundo trimestre. Então os consumidores ainda têm dinheiro suficiente para se lançar ao mar.
E a Carnival é uma grande beneficiária. Ela possui oito marcas, mais de 90 navios e uma ampla gama de preços. Mas depende mais de clientes de baixa renda do que suas principais concorrentes, como Royal Caribbean Group (NYSE: RCL) e Norwegian Cruise Line (NYSE: NCLH).
Os números de lucro da Carnival demonstram sua força. Ela registrou receita de US$ 8,2 bilhões no trimestre encerrado em 31 de agosto, seu décimo recorde trimestral consecutivo. O total subiu 3,3% em relação ao ano anterior. O lucro líquido da empresa também atingiu um recorde, US$ 1,9 bilhão, um aumento de 6,7% em relação ao ano anterior.
Ela refinanciou US$ 4,5 bilhões em dívidas durante o trimestre e quitou antecipadamente outros US$ 700 milhões. Sua razão dívida/Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu para 3,6 no último trimestre, ante 4,7 um ano antes.
Classificação de grau de investimento, perspectivas de lucro
A empresa pretende eventualmente reduzir esse índice para abaixo de 3, a fim de recuperar sua classificação de grau de investimento. Reduzir a dívida pode permitir que a Carnival retome o pagamento de dividendos, suspensos em 2020 devido ao forte impacto da pandemia de Covid, segundo a empresa. E, no futuro, ela pode implementar recompras de ações.
No relatório de lucros, a Carnival elevou suas projeções para o ano fiscal de 2025, que termina em 30 de novembro. Ela prevê que a métrica-chave de rendimento líquido aumentará 5,3%, 30 pontos-base acima da previsão anterior. O rendimento líquido mede a receita total menos comissões, transporte e outras despesas, dividida pelo número de dias disponíveis de cruzeiro por passageiro.
E a empresa espera que o lucro líquido ajustado aumente 55% em relação a 2024. A projeção foi elevada em US$ 235 milhões em relação à estimativa anterior. O lucro ajustado totalizou um recorde de US$ 2 bilhões no último trimestre.
Além das tendências macroeconômicas de viagem, a Carnival se beneficiou da inauguração de seu resort privativo Celebration Key, na Ilha Grand Bahama, o que lhe oferece uma oportunidade de marketing. Outra ação promocional inclui a participação da Carnival com um carro alegórico na parada do Dia de Ação de Graças em Nova York para divulgar seu cruzeiro para o Alasca.
Alta das ações e correção
Tudo isso tem sido positivo para o preço das ações da empresa, que subiram 60% no último ano e 328% nos últimos três anos. Isso parece ter causado nos investidores um choque com os preços. As ações caíram 8% no último mês.
Ainda assim, as perspectivas da Carnival parecem fortes. As reservas para 2026 estão alinhadas com os níveis recordes de 2025 e com preços historicamente altos, segundo a empresa.
Nos últimos quatro anos, a Carnival e suas concorrentes tiveram que oferecer descontos de 25% a 50% em comparação ao setor turístico em terra para atrair passageiros, observa a analista da Morningstar, Jaime Katz. “Esperamos que esse desconto diminua com o tempo, impulsionando o crescimento dos preços à medida que a Carnival eleva os valores rumo à paridade, auxiliada pelo ativo intangível de sua marca.”
Isso, junto com a forte demanda, é promissor para a Carnival, segundo ela. Nos próximos 10 anos, Katz prevê que o retorno sobre o capital da empresa excederá seu custo de capital de 10%.
Portanto, a empresa pode ter um mar de almirante pela frente.
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