A Carrier (NYSE: CARR) pode surfar a onda de valorização das ações industriais

Nos últimos oito anos, as ações do setor industrial ficaram muito atrás das ações de tecnologia. Mas este ano, até agora, é uma outra história.
O índice S&P 500 Industrials caiu apenas 0,3% em 2025, significativamente menor do que a queda de 9,9% do índice Nasdaq Composite, focado em tecnologia. Uma ação industrial que tem enfrentado dificuldades neste ano, mas pode ter um futuro promissor, é a Carrier Global (NYSE: CARR).
A empresa fornece produtos de aquecimento, ventilação, ar condicionado (HVAC) e refrigeração. As ações da Carrier recuaram 7% no acumulado do ano, apesar dos fortes ganhos do quarto trimestre, mas registraram uma alta de 10% no último ano e 38% nos últimos três anos combinados.
Quanto aos resultados financeiros, a Carrier teve um crescimento orgânico de receita de 6% no quarto trimestre, e sua margem operacional ajustada aumentou 3,7 pontos percentuais, chegando a 13,2%.
Organizando o balanço patrimonial
Um fator que tem ajudado a empresa foi a reestruturação de seu balanço patrimonial, carregado de dívidas, após sua separação da United Technologies em 2020. Desde então, a Carrier se desfez de negócios de segurança, incêndios e refrigeração em diversas transações, o que totalizou US$ 13 bilhões.
A Carrier focou seus esforços em HVAC e equipamentos e serviços de refrigeração para transporte. Esses segmentos podem crescer pelo menos um dígito médio percentual nos próximos anos, segundo o analista da Morningstar, Brian Bernard.
Agora, a empresa está investindo pesado em pesquisa, desenvolvimento de produtos e vendas. No início do ano passado, adquiriu a fabricante alemã de bombas de calor e caldeiras Viessmann por 12 bilhões de euros (US$ 13,2 bilhões).
A Viessmann não atingiu as metas de vendas da Carrier em 2024, mas a unidade alemã pode se beneficiar este ano da continuidade dos subsídios governamentais para bombas de calor, observa Jacob Sonenshine, da Barron’s. “Esse setor tem potencial para crescer rapidamente, pois os produtos são eficientes em termos energéticos.”
A tendência de realocação das fábricas de empresas norte-americanas, que estão trazendo suas operações de volta aos Estados Unidos, também favorece a Carrier, pois a empresa pode fornecer produtos HVAC para essas novas instalações.
Crescimento dos centros de dados
O aumento na construção de centros de dados devido à febre da inteligência artificial também tem impulsionado a Carrier. Até agosto, a quantidade de centros de dados em construção nos principais mercados da América do Norte totalizou um recorde de 3,9 gigawatts, um aumento de cerca de 70% em relação ao ano anterior, segundo a empresa imobiliária CBRE.
E essa tendência pode até continuar. A demanda global por capacidade de centros de dados pode crescer entre 19% e 22% ao ano, de 2023 a 2030, estima a consultoria McKinsey. A Carrier, naturalmente, pode fornecer seus produtos HVAC para esses novos centros de dados.
É preciso admitir que a empolgação com a inteligência artificial está esfriando um pouco, assim como algumas expectativas de crescimento para os centros de dados. Nos últimos seis meses, a Microsoft (NASDAQ: MSFT) cancelou projetos de centros de dados que planejavam consumir 2 gigawatts de eletricidade nos EUA e na Europa, devido a preocupações com um possível excesso de oferta, segundo analistas da TD Cowen. Mesmo assim, o crescimento sólido dos centros de dados ainda parece provável.
A perspectiva geral para a Carrier continua forte, segundo analistas. “Sua comprovada expertise em engenharia e tecnologia, junto com suas capacidades de serviço, são diferenciais importantes”, tornando a empresa líder de mercado em sistemas comerciais para edifícios e produtos de refrigeração para transporte, afirma Bernard, da Morningstar.
Entretanto, é importante lembrar que não há garantias de que as ações da Carrier continuarão subindo. Por exemplo, embora os economistas não vejam uma recessão como o cenário base, eles reconhecem que a probabilidade de uma ocorrer aumentou. E, historicamente, períodos de recessão costumam afetar negativamente as ações do setor industrial.