Broadcom (NASDAQ: AVGO) se torna um gigante não tão sutil construindo a próxima nova onda de expansão da IA.

A Nvidia (NASDAQ: NVDA) geralmente é o primeiro nome que vem à nossa cabeça quando pensamos nas empresas que sustentam a estrutura física do crescimento da IA, com a AMD (NASDAQ: AMD) em segundo lugar. Mas há outro concorrente surfando essa onda, e que já se tornou a sétima maior empresa dos EUA por capitalização de mercado: a Broadcom (NASDAQ: AVGO).
A fabricante de chips (cuja origem remonta a 1961 como a divisão de produtos semicondutores da Hewlett-Packard, antes de ser desmembrada e se tornar a Agilent Technologies em 1999) tornou-se pioneira em um tipo de chip de IA especializado conhecido como XPU. Diferente das GPUs mais generalistas produzidas pela Nvidia, como as gerações Hopper e Blackwell, importantes para treinamento (ou seja, criação de novos modelos de IA), os “ aceleradores personalizados” da Broadcom podem ser projetados para tarefas específicas e são preferidos para cargas de trabalho de “inferência” (ou seja, execução de modelos existentes). Eles também são conhecidos como ASICs, um acrônimo que em português seria traduzido como “circuitos integrados de aplicação específica”.
Independente do nome que seja chamado, a Broadcom está vendo um aumento na procura, com pelo menos três principais clientes que ela espera que implantem clusters (agrupamentos) de milhões de chips em 2027. O CEO Hock Tan disse que as empresas conhecidas como hyperscalers (grandes provedores de serviços em nuvem) “ainda estão firmes em seus planos de investir, apesar do ambiente econômico incerto.”
“Na verdade, o que vimos recentemente é que eles estão redobrando os esforços em inferência para monetizar suas plataformas,” ele disse a analistas em uma teleconferência. “Podemos ver, de fato, uma aceleração na demanda por XPUs na segunda metade de 2026 para atender à demanda urgente.”
Toda essa movimentação resultou em uma receita recorde no segundo trimestre, que cresceu 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita com IA aumentou 46% ano a ano, ultrapassando os 4,4 bilhões de dólares, e Tan disse que ela pode chegar a 5,1 bilhões no terceiro trimestre. As ações da Broadcom, por sua vez, valorizaram 65% no último ano (quase três vezes mais que as da Nvidia) sugerindo que os investidores podem enxergar maior potencial de escala nos XPUs em comparação com as GPUs, que são mais caras e já são difíceis de conseguir.
Quais chips vão prevalecer?
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, por sua vez, tem contestado grande parte do entusiasmo, sugerindo no início deste mês que os chips mais recentes da Broadcom não seriam superiores aos que a empresa que ele lidera já oferece. Entretanto, esse pode não ser o ponto principal, especialmente com relatos de que as GPUs mais recentes da Nvidia estão com pedidos com atraso por meses. Empresas como Google (NASDAQ: GOOGL) e Meta (NASDAQ: META) podem estar dispostas a comprar todos os chips que conseguirem encontrar — sejam GPUs ou XPUs — independentemente do fabricante.
“Isso não é um jogo de soma zero”, escreveu Daniel Newman, CEO da consultoria tecnológica Futurum Group, em uma postagem recente na rede X, acrescentando que o mercado de chips de IA deverá crescer entre 30% e 40% ao ano e “alcançará os trilhões” até o fim da década. “O futuro não será 100% GPU e certamente não será 100% XPU.”
Na visão de Newman, os chips da Nvidia serão priorizados para os casos de uso externo por causa do software da empresa e da sua entrada mais cedo no mercado — embora tenham um custo bem mais alto. Os hyperscalers, por outro lado, recorrerão a soluções de empresas como a Broadcom para os casos de uso interno e verão uma economia de custos que deverá variar entre 50% e 70% em comparação às GPUs.
“A principal razão para vermos o crescimento dos XPUs será o desejo dessas grandes empresas de controlar mais seus resultados e seu destino a longo prazo,” disse ele. “Continuo achando muito tolas, sem fundamento e geralmente incompetentes as opiniões de que os XPUs nunca vingarão ou de que a Nvidia será derrubada por esse negócio de aceleradores.”
Em outras palavras, há espaço para todo mundo (especialmente considerando a demanda insaciável, que não mostra sinais de que vai desacelerar tão cedo). Quando a pergunta é qual tipo de chip de IA vai sair na frente (com as velhas e boas CPUs também na disputa, além das “unidades de processamento neural” chamadas NPUs — a resposta, por enquanto, parece ser: todos eles.