Booking pode intensificar aquisições para impulsionar seu crescimento

Ellen Chang Analista de Notícias do Mercado

A plataforma de viagens online Booking Holdings (NASDAQ: BKNG) poderia acelerar sua expansão adquirindo outras empresas do setor de turismo.

A empresa já vem apresentando crescimento constante, já que viajar continua sendo uma atividade popular, apesar das pressões econômicas e das tensões políticas. E a Booking poderia reativar sua estratégia de aquisições para gerar mais lucro.

Em 2013, quando ainda se chamava Priceline.com, a empresa comprou a Kayak por US$ 2,1 bilhões. Depois disso, fez aquisições menores. Agora, a Booking pode estar em posição de realizar outra grande compra sem infringir as regras dos órgãos antitruste. A empresa tentou adquirir o Etraveli Group em 2021, mas a Comissão Europeia vetou o negócio, alegando que ele prejudicaria a concorrência.

A concorrente Airbnb (NASDAQ: ABNB) lançou recentemente novos serviços para seus clientes, permitindo que reservem um chef ou um personal trainer na casa alugada sem precisar usar outro aplicativo. Ainda não se sabe se os viajantes realmente desejam um personal trainer em suas acomodações. Em 2019, a Airbnb comprou o Hotel Tonight, que oferece quartos de hotel com desconto.

A Booking pode seguir uma estratégia semelhante e oferecer serviços mais personalizados aos seus clientes, embora o mercado de descontos em viagens já tenha passado por muita consolidação.

Máquina de fazer dinheiro

A empresa recomprou US$ 1,3 bilhão em ações durante o segundo trimestre e possui bastante caixa caso queira fechar algum negócio. Ela encerrou o trimestre com US$ 3,1 bilhões em caixa, um aumento de 32% em relação ao ano anterior.

A receita cresceu 16% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 6,8 bilhões, já que os consumidores (especialmente os europeus) continuam ansiosos para viajar. O lucro por ação ajustado também subiu para US$ 55,40, um salto de 32% em relação ao ano anterior. As reservas em todas as plataformas aumentaram 13%, chegando a US$ 46,7 bilhões. As ações da empresa dispararam 51% no último ano.

A vantagem da Booking sobre seus concorrentes é que a maior parte de sua receita vem da Europa, o que a torna menos afetada por tarifas do que a Expedia Group (NASDAQ: EXPE), cuja receita é majoritariamente proveniente dos EUA, ou a própria Airbnb. Ambas relataram que a queda do turismo dos americanos prejudicou suas margens de lucro no primeiro trimestre.

Por outro lado, os viajantes canadenses, europeus e asiáticos não diminuíram o ritmo de ver paisagens, mesmo que não estejam visitando os EUA. Empresas como a Booking têm uma vantagem clara por serem “agnósticas” quanto ao destino das férias dos consumidores, afirmou Conor Cunningham, analista da Melius Research, à Barron’s.

Embora ele desejasse que mais americanos gastassem dinheiro com férias, isso “não define nem destrói o perfil de demanda por viagens”, disse ele.

Indústria em crescimento

A indústria de viagens é uma “indústria de crescimento secular que vai crescer a uma taxa muito maior do que o produto interno bruto”, disse Cunningham. “Existe a percepção de que as pessoas mudam seus planos de viagem rapidamente pelo medo do aspecto econômico relacionado a tarifas. Mas vejo um consumidor em transformação, disposto a continuar gastando com experiências mais do que com bens materiais.”

Os lucros da Booking provavelmente continuarão subindo, já que sua plataforma de viagens atrai viajantes do mundo todo que procuram ofertas e pacotes. A própria empresa alertou, no entanto, que pode enfrentar uma leve desaceleração no turismo dos americanos no próximo trimestre, à medida que os consumidores começam a sentir os efeitos das tarifas e novas demissões podem ocorrer.

A Booking estima que o crescimento da receita no terceiro trimestre ficará entre 7% e 9%. Mas reservas de voos, hotéis e outros serviços de viagem podem enfrentar “incerteza elevada no ambiente macroeconômico e geopolítico”, disse o CFO Ewout Steenbergen na teleconferência de resultados.

Ainda assim, se o Federal Reserve começar a cortar as taxas de juros em setembro, os viajantes podem ter um alívio em suas dívidas, liberando mais dinheiro para ser gasto com viagens.

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